segunda-feira, 8 de junho de 2020

LEITURA DO DIA: CHAPEUZINHO VERMELHO - VERSÕES CONTADAS PELO LOBO (PARA LER E OUVIR)

VERSÃO 1 - A Versão do Lobo Mau para Chapeuzinho Vermelho contada na teleaula do Centro de Mídias: 


VERSÃO 2 - O conto do lobo

Deixo para vocês uma curiosa versão da história de Chapeuzinho Vermelho contada pelo lobo. Tudo é questão de ponto de vista!

O bosque era meu lugar. Eu vivia ali e gostava muito. Sempre tratava de mantê-lo limpo e organizado. Um dia ensolarado, enquanto estava recolhendo o lixo deixado por umas pessoas que estiveram ali acampadas, escutei passos. Escondi-me detrás de uma árvore e vi como vinha uma menina vestida de forma muito divertida: toda de vermelho e sua cabeça coberta, como se não quisesse que a vissem. Andava feliz e começou a cortar as flores de nosso bosque, sem pedir permissão a ninguém. Talvez não lhe tenha ocorrido que essas flores não lhe pertenciam. Naturalmente, fui investigar. Perguntei-lhe quem era, de onde vinha, aonde ia, ao que ela respondeu, cantando e dançando, que ia à casa de sua vovozinha com uma cesta para o almoço.
Pereceu-me ser uma pessoa honesta, mas estava no meu bosque, cortando flores. De repente, sem nenhum ressentimento, matou um mosquito que voava livremente, pois também o bosque é para ele. Dessa forma, decidi dar-lhe uma lição e o sério que é estar no bosque sem se anunciar antes e começar a maltratar seus habitantes.
Deixei-lhe seguir seu caminho e corri até a casa da vovozinha. Quando cheguei, abriu a porta uma simpática velhinha. Expliquei-lhe a situação e ela esteve de acordo com que sua neta merecia uma lição. A vovozinha aceitou permanecer fora da vista até que eu a chamasse e se escondeu debaixo da cama.
Quando chegou a menina, convidei-a a entrar no quarto onde eu estava deitado, vestido com a roupa da vovozinha. A menina chegou, sorridente e me disse algo desagradável sobre minhas grandes orelhas. Fui insultada antes, mas tratei de ser amável e lhe disse que minhas grandes orelhas eram para escutá-la melhor. Pois bem, me agradou a menina e tratei de dar-lhe atenção, mas ela fez outra observação humilhante sobre meus olhos grandes. Vocês compreenderão que comecei a me sentir com raiva. A menina tinha bonita aparência, mas começava a me parecer antipática. Entretanto, pensei que devia dar a outra face e lhe disse que meus olhos me ajudavam a vê-la melhor. Mas, seu seguinte insulto me deixou com muita raiva. Sempre tive problemas com meus grandes e feios dentes e essa menina fez um comentário, realmente, grosseiro. Sei que deveria ter me controlado, mas pulei da cama e rosnei, ensinando-lhe toda minha dentadura e dizendo-lhe que eram assim de grandes para comê-la melhor. Agora, pensem vocês: nenhum lobo pode comer uma menina. Todo o mundo sabe disso. Mas, essa menina começou a correr por todo o quarto gritando e eu corria atrás dela para acalma-la. Como tinha colocada a roupa de vovozinha e me incomodava para correr, eu a tirei, mas foi muito pior. A menina gritou ainda mais. De repente, a porta se abriu e apareceu um lenhador com um machado enorme e afiado. Eu o olhei e compreendi que corria perigo, por isso saltei pela janela e escapei.
Gostaria de lhes dizer que este é o final da história, mas, por desgraça, não é assim. A vovozinha jamais contou minha parte da história e não passou muito tempo sem que corresse a voz de que eu era um lobo mau e perigoso. Todo mundo começou a me evitar. Não sei o que passará a essa menina antipática vestida de forma tão estranha, mas sim posso dizer que eu nunca pude contar minha história. Agora vocês já a sabem.
* Texto de Materiais educativos do Instituto Interamericano de Direitos Humanos
VERSÃO 3 - A História de Chapeuzinho Vermelho 
(na versão do Lobo)

Esta história será contada de uma maneira não tradicional.

Certa manhã, estava eu passeando pela minha casa – sim, porque eu não sei se vocês sabem, mas a floresta é a minha casa – e, de repente, deparei com uma visão terrível.

Vi uma menina vestida com uma roupa vermelha horrorosa, com um chapéu vermelho igualmente horroroso, carregando uma cesta cheia de produtos embalados com material plástico, que leva milhares de anos para se desintegrar na natureza.

Imaginei que ela fosse fazer um piquenique ou coisa parecida e pensei: não posso permitir que ela deixe aquele material jogado pela mata. Ela vai sujar a minha casa e dos meus companheiros de floresta.

Vou tentar preveni‑la dos cuidados ecológicos fundamentais. Por outro lado, que descuidados são esses humanos: deixar uma menina tão pequena passear pela floresta desse jeito, correndo o perigo de ser apanhada por algum predador (dentre os quais eu me incluo).

Como eu estava com o apetite devidamente saciado resolvi, sem segundas intenções, falar com a menina e induzi‑la a sair da floresta pelo mesmo caminho por onde entrou. Isto seria melhor para todos... e assim o fiz, mas, assim que me deparei com a menina, ela foi logo gritando feito uma louca e me batendo com a cesta que tinha na mão; nem sequer me ouviu, não me deu oportunidade para falar o que eu queria e explicar o motivo da nossa conversa. Só repetia várias vezes que eu não iria comer o lanche que ela havia preparado para a sua vovozinha, que eu era horrível, que isso e aquilo. Logo vi que não conseguiria atingir o meu intento. Mas... ela é só uma menina... e assim pensando, resolvi perdoá‑la.

Apesar de ter ficado furioso com ela num primeiro instante, resolvi procurar por uma velhinha que, algum tempo antes, havia construído uma casinha de madeira perto do rio. Na época, todos nós aqui da floresta havíamos ficado furiosos com ela, pois derrubou nossas árvores e, assim, destruiu a casa de muitos de nossos companheiros animais para construir aquela casa horrenda, mas, devido à avançada idade, resolvemos relevar e deixá‑la ficar. Só podia ser ela a vovozinha daquela menina tão mal‑educada.

Segui por atalhos que só nós, moradores da floresta, conhecemos e, assim, cheguei na casa da velhinha bem antes da sua neta. Segui um caminho muito longo para alertar a senhora dos males que ela e a sua neta poderiam provocar no nosso ecossistema, mas ela também não me deu a menor oportunidade de me pronunciar; foi logo me batendo e fazendo um escândalo tremendo, muito barulho, muita gritaria, virou‑se e pegou uma velha espingarda, certamente com a intenção de matar‑me. Não tive outra alternativa, senão comer a velha senhora.

Minutos depois, a menina acabou chegando na casa da sua avó. Sabendo que ela iria provocar novo escândalo, resolvi me disfarçar e, assim, vesti algumas roupas da tal velhinha e tentei me fazer passar por ela, deitado em seu leito.

Quando ela chegou, tentei dissuadi‑la a ir embora o quanto antes, mas a menina novamente começou a me insultar dizendo: que nariz grande e horrível você tem... que orelhas estranhas você tem... que olhos caídos e remelentos você tem... Eu procurei responder a todas as perguntas com ternura, mas para tudo há um limite, e minha paciência já estava em ponto de se esgotar, quando tirei o disfarce.

Diante dos gritos da menina, e temendo a aproximação de caçadores que sempre afluíam ao local, não tive alternativa senão comê‑la também.

Meu temor, no entanto, se concretizou: um caçador me encontrou e, antes mesmo que eu começasse a me explicar, atirou impiedosamente e me acertou... agora, cá estou eu, com a barriga aberta, moribundo, e vocês ainda estão vibrando com isto, ensinando suas crianças que o malvado dessa história sou eu... isso é muito injusto, muito injusto.

Fonte: Adaptado de ANTUNES, 10 Histórias Exemplares (2004)


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