terça-feira, 19 de maio de 2020

LEITURA DE CORDEL: A SECA DO CEARÁ - LEANDRO GOMES DE BARROS

Literatura de Cordel

Banca que vende cordéis no Rio de Janeiro.**

A literatura de cordel veio para o Brasil com os portugueses, criando no Nordeste brasileiro essa cultura do cordel, que ainda hoje é tradicional. Por ser uma literatura local, sua existência fortalece o folclore e o imaginário regional, além de incentivar a leitura. Hoje, a literatura de cordel é reconhecida como patrimônio cultural imaterial, tendo até mesmo uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Graças à impressão em grande quantidade, o cordel popularizou-se por imprimir em papel as histórias rimadas dos repentistas que improvisavam rimas nas ruas e, depois, continuou sendo muito popular por contar histórias de maneira simplificada para seus leitores.

Principais características:
  • O texto é escrito com métrica fixa e rimas que fazem a musicalidade dos versos;
  • É de grande importância para o folclore, já que os cordéis tratam dos costumes locais, fortalecendo as identidades regionais;
  • A literatura de cordel é muito conhecida por suas xilogravuras (gravuras em madeira), que ilustram as páginas dos poemas.

Principais autores

Leandro Gomes de Barros
Conforme documentos, foi o primeiro brasileiro a escrever cordéis, produzindo 240 obras campeãs de vendas. Seus cordéis são muito populares no imaginário popular do Nordeste brasileiro, tendo Ariano Suassuna, grande dramaturgo nordestino, popularizado a todo Brasil as histórias de Leandro em sua peça ‘Auto da compadecida’, que contava com cordéis de Leandro: ‘O testamento do cachorro’ e ‘O cavalo que defecava dinheiro’.

João Martins de Athayde
Fazendo parte da primeira geração de autores que tinham sua própria editora especializada em cordéis, ficou popular por utilizar imagens de artistas de Hollywood.
João Martins de Athayde, após a morte de Leandro Gomes de Barros, comprou os direitos de publicar vários dos cordéis do autor. A verdadeira autoria de Leandro foi recentemente descoberta, mas nem por isso a figura de João Athayde é de menor importância.


A SECA DO CEARÁ

Leandro Gomes de Barros

Seca as terras as folhas caem,
Morre o gado sai o povo,
O vento varre a campina,
Rebenta a seca de novo;
Cinco, seis mil emigrantes
Flagelados retirantes
Vagam mendigando o pão,
Acabam-se os animais
Ficando limpo os currais
Onde houve a criação.

Não se vê uma folha verde
Em todo aquele sertão
Não há um ente d’aqueles
Que mostre satisfação
Os touros que nas fazendas
Entravam em lutas tremendas,
Hoje nem vão mais o campo
É um sítio de amarguras
Nem mais nas noites escuras
Lampeja um só pirilampo.

Aqueles bandos de rolas
Que arrulavam saudosas
Gemem hoje coitadinhas
Mal satisfeitas, queixosas,
Aqueles lindos tetéus
Com penas da cor dos céus.
Onde algum hoje estiver,
Está triste mudo e sombrio
Não passeia mais no rio,
Não solta um canto sequer.

Tudo ali surdo aos gemidos
Visa o aspecto da morte
Como a nauta em mar estranho
Sem direção e sem Norte
Procura a vida e não vê,
Apenas ouve gemer
O filho ultimando a vida
Vai com seu pranto o banhar
Vendo esposa soluçar
Uma adeus por despedida.

Foi a fome negra e crua
Nódoa preta da história
Que trouxe-lhe o ultimátum
De uma vida provisória
Foi o decreto terrível
Que a grande pena invisível
Com energia e ciência
Autorizou que a fome
Mandasse riscar meu nome
Do livro da existência.

E a fome obedecendo
A sentença foi cumprida
Descarregando lhe o gládio
Tirou-lhe de um golpe a vida
Não olhou o seu estado
Deixando desemparado
Ao pé de si um filhinho,
Dizendo já existisses
Porque da terra saísses
Volta ao mesmo caminho.

Vê-se uma mãe cadavérica
Que já não pode falar,
Estreitando o filho ao peito
Sem o poder consolar
Lança-lhe um olhar materno
Soluça implora ao Eterno
Invoca da Virgem o nome
Ela débil triste e louca
Apenas beija-lhe a boca
E ambos morrem de fome.

Vê-se moças elegantes
Atravessarem as ruas
Umas com roupas em tira
Outras até quase nuas,
Passam tristes, envergonhadas
Da cruel fome, obrigadas
Em procura de socorros
Nas portas dos potentados,
Pedem chorando os criados
O que sobrou dos cachorros.

Aqueles campos que eram
Por flores alcatifados,
Hoje parecem sepulcros
Pelos dias de finados,
Os vales daqueles rios
Aqueles vastos sombrios
De frondosas trepadeiras,
Conserva a recordação
Da cratera de um vulcão
Ou onde havia fogueiras.

O gado urra com fome,
Berra o bezerro enjeitado
Tomba o carneiro por terra
Pela fome fulminado,
O bode procura em vão
Só acha pedras no chão
Põe-se depois a berra,
A cabra em lástima completa
O cabrito inda penetra
Procurando o que mamar.

Grandes cavalos de selas
De muito grande valor
Quando passam na fazenda
Provocam pena ao senhor
Como é diferente agora
Aquele animal de que outrora
Causava admiração,
Era russo hoje está preto
Parecendo um esqueleto
Carcomido pelo chão.

Hoje nem os pássaros cantam
Nas horas do arrebol
O juriti não suspira
Depois que se põe o sol
Tudo ali hoje é tristeza
A própria cobra se pesa
De tantos que ali padecem
Os camaradas antigos
Passem pelos seus amigos
Fingem que não os conhecem.

Santo Deus! Quantas misérias
Contaminam nossa terra!
No Brasil ataca a seca
Na Europa assola a guerra
A Europa ainda diz
O governo do país
Trabalha para o nosso bem
O nosso em vez de nos dar
Manda logo nos tomar
O pouco que ainda se tem.

Vê-se nove, dez, num grupo
Fazendo súplicas ao Eterno
Crianças pedindo a Deus
Senhor! Mandai-nos inverno,
Vem, oh! grande natureza
Examinar a fraqueza
Da frágil humanidade
A natureza a sorrir
Vê-la sem vida a cair
Responde: o tempo é debalde.

Mas tudo ali é debalde
O inverno é soberano
O tempo passa sorrindo
Por sobre o cadáver humano
Nem uma nuvem aparece
Alteia o dia o sol cresce
Deixando a terra abrasada
E tudo a fome morrendo
Amargos prantos descendo
Como uma grande enxurrada.

Os habitantes procuram
O governo federal
Implorando que os socorra
Naquele terrível mal
A criança estira a mão
Diz senhor tem compaixão
E ele nem dar-lhe ouvido
É tanto a sua fraqueza
Que morrendo de surpresa
Não pode dar um gemido.

Alguém no Rio de Janeiro
Deu dinheiro e remeteu
Porém não sei o que houve
Que cá não apareceu
O dinheiro é tão sabido
Que quis ficar escondido
Nos cofres dos potentados
Ignora-se esse meio
Eu penso que ele achou feio
Os bolsos dos flagelados.

O governo federal
Querendo remia o Norte
Porém cresceu o imposto
Foi mesmo que dar-lhe a morte
Um mete o facão e rola-o
O Estado aqui esfola-o
Vai tudo dessa maneira
O município acha os troços
Ajunta o resto dos ossos
Manda vendê-los na feira.



LEITURA E ESCUTA: CANÇÃO DO EXÍLIO - GONÇALVES DIAS







MATERIAL COMPLEMENTAR: TIPOS DE LEITURA

7 tipos diferentes de leitura


A leitura não é uma prática homogênea. É diversa e está relacionada, entre outras coisas, com o tipo de texto com o qual o leitor se depara.

Dependendo do objetivo, seu cérebro estará disposto a ler de diferentes maneiras

  • A leitura é o processo de obter e compreender informação, armazenada de forma escrita, mediante símbolos, ou qualquer tipo de escrita que utilize uma linguagem ou simbologia com a que se represente esta linguagem.
  • Isto inclui a interpretação dos símbolos não só de maneira visual, mas também táteis, como é o caso do braile, por exemplo.
  • Implica o uso do raciocínio e a capacidade de análise do leitor, para a interpretação dos conteúdos que se adquirem mediante a própria leitura.
A leitura pode ser em silêncio ou em voz alta, assim como ter certos enfoques particulares, como a rapidez na procura por uma informação ou a captação e compreensão daquilo que se lê, diversificando-se os tipos de leitura, dependendo do foco ao qual esteja destinado e inclusive do assunto que é tratado.

Leitura literal

É uma leitura feita ao pé da letra, sem adicionar comentários, explicações ou opiniões com relação ao texto. Este tipo de leitura se divide em dois grupos: leitura literal primaria, que enfatiza a leitura dos dados de maneira explícita; e a leitura literal em profundidade, que enfatiza na compreensão daquilo que se lê.

Leitura mecânica

Há uma interpretação dos signos escritos, mas onde não necessariamente se compreenda todo o significado daquilo que se lê; a atenção fica somente naquilo que interesse o leitor, fazendo caso omisso do resto da leitura.
É comum que este tipo de leitura mecânica se realize de forma involuntária, ignorando aquilo que não interessa ao leitor, apesar de ler todo o texto.
Outra faceta da leitura mecânica se realiza em algumas ocasiões nas que se lê um texto de maneira desinteressada, como nos casos em que, ao realizar algumas leituras religiosas em voz alta, se realiza de maneira mecânica, somente lendo, sem entender, compreender ou tomar atenção à leitura, fazendo-a de maneira automática.

Leitura rápida

Este tipo de leitura se realiza selecionando, quando o leitor escolhe o que lhe interessa. Ele busca as ideias mais importantes de um texto, ignorando o resto do texto.
Um método bastante utilizado pelos estudantes quando devem ler um livro antes de uma prova para desta forma obter as ideias principais em pouco tempo.
Também se utiliza para ler, por exemplo, um jornal escolhendo somente as notícias que interessam naquele momento, pulando o resto do texto e seu conteúdo que já não interessa.

Leitura em silêncio

A leitura silenciosa ou ler com a mente, é a leitura mais habitual, nela se lê para si mesmo.
Neste tipo de leitura a concentração costuma ser maior e se captam mais dados que na leitura rápida. É habitual este tipo de leitura quando se lê livros em casa em horários de lazer.

Leitura em voz alta

A leitura em voz alta ou a leitura fonológica é aquela na que se lê dizendo as palavras e frases em voz alta, a que ajuda a modular a voz, a pronúncia correta das palavras, sílabas e letras vocais, assim como a acentuação e entonações corretas, sendo um instrumento para a dicção e para a oratória.
É uma das maneiras em que se difundiu maioritariamente o conhecimento durante séculos, já que não todos sabiam ler e, por meio deste método, se estudava nas primeiras universidades. Uma pessoa lia os textos e os demais alunos escutavam.
A leitura em voz alta também foi um instrumento de difusão, já que a maioria do povo não sabia ler, e era uma forma de informar sobre decretos, bulas e notícias, e instruir religiosamente falando.

Leitura reflexiva

A leitura de compreensão ou reflexiva é aquela na que se busca aprender aquilo que é lido, com atenção a tudo o que se leu, procurando memorizar e compreender o assunto do qual trata o texto. É a leitura empregada para estudar.

Leitura recreativa

Esta leitura é feita para se distrair, se entreter ou se divertir.
Nelas são comuns os temas de fantasia e aventuras, como contos, romances, ou histórias épicas, assim como os temas relacionados com as emoções humanas, amor, ódio, intrigas.
Neste tipo de leitura influi decisivamente o gosto de cada leitor, pois do que se trata é de criar um momento recreativo de leitura.

MATERIAL COMPLEMENTAR: COMO INTERPRETAR UM TEXTO?

Como interpretar um texto?

Para uma correta compreensão e interpretação do texto, siga os seguintes passos:

1) Leia lentamente o texto todo.

A primeira leitura do texto deverá ser feita com calma e sem interrupções. No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. Não é essencial entender a totalidade do texto, nem o significado de todas as palavras.

2) Releia o texto quantas vezes forem necessárias.

Nas leituras seguintes, será mais fácil identificar as ideias principais de cada parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto, ou seja, a relação que diversas ideias estabelecem umas com as outras.

3) Sublinhe as ideias mais importantes.

A realização de sublinhados deverá ser feita apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia principal e das ideias secundárias do texto. De outra forma, pode haver excesso de sublinhados, o que complica mais do que ajuda.

4) Separe fatos de opiniões.

Na leitura do texto, o leitor deverá separar claramente o que é um fato (verdadeiro, objetivo e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mutável). É importante também diferenciar as ideias transmitidas pelo autor das suas próprias ideias, que não deverão prevalecer sobre ou refutar as ideias transmitidas no texto.

5) Retorne ao texto sempre que necessário.

Deverá haver um retorno ao texto para nova leitura de parágrafos, frases, expressões,... (ou até do texto completo) quando for necessário responder a perguntas, identificar palavras, expressões, frases, pontuação, funções da linguagem,... É importante, também, entender com cuidado e atenção os enunciados das questões.

6) Reescreva o conteúdo lido.

Para melhor compreensão ou memorização, muitos estudantes recorrem à reescrita do texto feita com as suas próprias palavras. Para tal efeito podem ser feitos resumos, tópicos, esquemas,...

Dicas para a interpretação de texto

Leia estas dicas, para que a leitura e interpretação de textos se torne um processo cada vez mais fácil!

Dica 1: Leia muito e com vontade.

É de extrema importância que haja uma leitura frequente de diversos conteúdos, que haja um hábito de leitura assíduo e um gosto na realização dessa leitura.

Dica 2: Crie familiaridade com o conteúdo escrito.

Apesar da leitura frequente ser o mais importante, há outros pequenos hábitos que contribuem para a criação de uma familiaridade com as palavras e os diversos conteúdos escritos, como:
  • a análise de palavras em diversas fontes, como músicas, provérbios, ditados, propagandas,...;
  • a análise de informação estruturada em gráficos, tabelas, diagramas, mapas,…
  • o uso de técnicas que contribuam para a diversificação vocabular, como o uso de sinônimos e antônimos;
  • o uso recorrente de dicionários e gramáticas para esclarecer qualquer dúvida ou aumentar conhecimentos sobre uma palavra ou matéria;
  • a realização de palavras cruzadas e outras atividade lúdicas;
  • ...

Dica 3: Pratique a interpretação de textos.

Quanto mais pratica tivermos na realização de alguma coisa, mais fácil será a realização dessa mesma coisa. Com a interpretação de texto é assim também. Se a interpretação de texto for realizada apenas em concursos e provas, será sempre um pouco difícil, mas se for constantemente praticada, ficará cada vez mais fácil. Para isso, em qualquer conteúdo escrito pratique:
  • Identificar ideias principais;
  • Relacionar as ideias e as situações presentes no texto com a realidade;
  • Resumir as principais ideias do texto;
  • Parafrasear o conteúdo do texto, tirando conclusões pessoais sobre as ideias apresentadas pelo autor.

MATERIAL COMPLEMENTAR: SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL - 4º e 5º ANOS















BONS ESTUDOS!!

Rotina quinzenal 08 a 19 de março - EMEF - 5º ano

  Rotina quinzenal 08 a 19 de março - EMEF - 5º ano Link aula de Educação - Física: https://ensinofundamentalhortolandia.blogspot.com/search...